sábado, 6 de dezembro de 2008

OCTOGÉSIMAS-TERCEIRAS

Já um dia me disseram que sou poeta por dentro. Eu nunca tive jeito para uma estrofe de bairro ou de fotonovela, como as que antigamente, no tempo em que havia o primeiro e o segundo canal da RTP e era um pau, as donas de casa liam avidamente as revistas de fotonovelas. De vez em quando consigo expressar o meu estado emocional com uma frase especial e é tudo. Por isso só tenho de agradecer à amiga Júlia não só a persistência dos comentários como a adjectivação que neles faz do que aqui vou deixando pingar nos intervalos da dureza da vida. Faz-me sentir o que não sou e, bem, concedo, isso, como as "árvores com folhas de arco-íris", também me ilumina por dentro. A Júlia não me conhece, nem eu a ela, nem sabe por que estou a passar. Por isso o que escreve tem tanto valor para mim. O conhecimento tira autenticidade às palavras. Das outras, dessas palavras sem rede, como o trapézio arriscado dos circos que me encantavam em criança no velhinho Coliseu dos Recreios e sempre no dia de Natal, onde a minha avó Irene me levava, é que devemos guardar como pedras preciosas no sangue que nos corre nas veias para irrigar o "sinto, logo existo". Obrigado, Júlia. O seu caminho tem sido uma dádiva para mim. E um privilégio também.

1 comentário:

-JÚLIA MOURA LOPES- disse...

(deixou-me sem palavras e emocionou-me. oxalá que este postal não me faça perder a espontaniedade. :-))

que é poeta, isso eu reconheci logo. que esse dom lhe sirva para exorcisar os demónios que apoquentam as noites.

Diz que eu nada sei sobre a sua situação. Respondo-lhe que se calhar até sei, porque já estive na mesma situação e revejo esse tempo, aqui, nas suas palavras.

Sei por experiência própria, que este é, realmente, um momento só seu - ermo! Vejo que tem essa consciência e acredite em mim, quem tem essa consciência, vencerá todas as batalhas! (daria pano para mangas este tema)

Obrigada pelo carinho, eu também me sinto bem aqui, quando a tempestade passa a gente fica gostar da solidão acompanhada e gente que já sentiu ou sente as mesmas dores. hábitos!!

(há)braços