Há detalhes que subitamente nos revelam coisas da vida que nada mais, por muito que tenha sido, nos conseguiu mostrar. No meio da enfermidade, resolvi sair de casa ontem de manhã para experimentar a readaptação à vida exterior. Não saía há três dias. À rua, que hoje saímos e entramos do mundo interiro à distância de uma tecla. Mas o ar, o ar é sempre o ar. Ainda fraco, lá fui andando. Atravessei a rua. Irresistivelmente fatigado, destreinado, receoso?, decidi sentar-me no jardim em frente da minha casa. Um jardim pequeno, rodeado de altas árvores no meio da cidade barulhenta e poluída, com uma imprescindível estátua de um personagem da vida real local a encimá-lo. Daqueles jardins que se diriam desenhados por Salazar para o livro de leitura da 3ª classe para ilustrar uma cidade feliz. E foi aí que de repente me vieram à memória tantos e tantos velhotes que tenho visto ao longo da vida sentados em jardins outros, sózinhos no seu banco e no seu mundo. São detalhes. De velhice.
quinta-feira, 18 de setembro de 2008
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