segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

NONAGÉSIMAS-NONAS

Precisamos de Caeiro, cara Júlia. Precisamos de sentir a ilusão do poder de poder recomeçar livremente todos os dias. Essa sensação de poder dá-nos importância, muito mais do que a que temos, dá-nos auto-estima, de que necessitamos para viver, dá-nos liberdade, muito mais do que a que sabemos usar. A ideia de que em cada dia ao acordar podemos tudo é deslumbrante. É falsa, mas deslumbrante e necessária. Alguém disse que o “Alberto Caeiro parece mais um homem culto que pretende despir-se da farda pesada da cultura acumulada ao longo dos séculos.” E por isso se refugiava na Natureza. Há lá coisa que transporte mais memória, mais cicatrizes do passado, mais sinais do que já foi do que a Natureza? Era a ilusão, essa ilusão tão necessária e tão mestra como Caeiro foi "o mestre" de Campos e Reis.

1 comentário:

-JÚLIA MOURA LOPES- disse...

:-(


"raspar a tinta com que me pintaram os sentidos/ desencaixotar as emoções verdadeira"...

para mim o Mestre é Reis, não Caeiro.
Esse é o Mestre dos outros todos :-)
Não decidi isso agora, decidi há muito.